PORQUÊ
A RECUSA?
A Comissão Europeia rejeitou
liminarmente o Orçamento da Itália. Eis alguns pontos que não lhe agradaram:
- Reduz a duração máxima dos
contratos temporários de 36 para 24 meses.
- Estabelece que o contrato
temporário só poderá ser prorrogado se existirem causas temporais e objectivas
que o justifiquem.
- Aumenta significativamente a
indemnização por despedimento dos contratados temporalmente e penaliza o seu
uso abusivo com um aumento de 0,5% para a Segurança Social por cada prorroga do
contrato.
- Empresas que abandonem o
território italiano têm que devolver o dinheiro das ajudas públicas que
receberam.
- Aquelas que saiam para fora
da EU são sancionadas com pesadas multas.
- É criado um rendimento mínimo
para 5 milhões de italianos.
- A reforma mínima passa de
500 para 780 euros.
- É proibida a publicidade às
apostas desportivas e jogos de azar (com excepção da lotaria nacional), nos
meios de comunicação, eventos desportivos, culturais ou artísticos, painéis
publicitários e internet. A ludopatia, que atinge sobretudo os mais pobres e é
já um grave problema social, passa, assim, a ser combatida, contra os
interesses dos grandes grupos de comunicação.
Convém saber, igualmente, que
a Itália tem um excedente comercial e um excedente primário (saldo positivo,
antes do pagamento de juros da dívida); que cerca de dois terços da dívida
pública é detida pelos próprios italianos e que a Itália, ao propor um défice
de 2,4%, continua a respeitar a regra dos 3% como máximo, ao contrário da França,
de que Moscovici foi ministro das Finanças entre 2012 e 2014 e nunca cumpriu.
O que está, então, em causa?
Será o facto de o governo italiano se ter atrevido a contestar as orientações
neoliberais dos ladrões da EU e tenha começado a desmontar o mito do tratado de
Maastricht e as suas consequências e queira recuperar a soberania e o Estado?
É verdade que as medidas
propostas para combater a regressão nos direitos laborais (como a reforma de
Matteo Renzi, a do “contrato único” ou despedimento livre) são insuficientes.
Mas, é também verdade que tudo o que cheire a contestação é, de imediato,
apelidado de nacionalista, fascista, populista.
Não se sabe ainda para onde
irá o governo italiano: acabará por obedecer à ditadura da EU e dos mercados ou
encontrará um caminho novo, que a Grécia desprezou, vergando-se?