O QUE ELES ESCONDEM

quinta-feira, 4 de setembro de 2014


Há os europeístas e os que não o são. Os primeiros acreditam na bondade do capitalismo, os outros vêem a destruição que está a infligir aos países mais pobres e aos pobres dos países mais ricos e exigem justiça social, para todos.
Os defensores da União Europeia evocam a generosidade de princípios que presidiu à criação desta organização: um mercado comum, por via do qual a paz seria instaurada, definitivamente.

Esqueceram-se, contudo, que mercado é sinónimo de capitalismo e que capitalismo significa guerra, guerra do mais forte contra todos os outros.
Chegámos, agora, a um momento em que não é possível mais disfarçar a natureza predadora deste sistema, que gerou a União Europeia e a moeda única, o euro.

O Partido Comunista Português foi o único a rebelar-se contra a integração de Portugal na União Europeia, na altura CEE, e contra a adopção do euro. Carlos Carvalhas não se cansou de mostrar que “um pote de barro” (Portugal) seria feito em fanicos quando junto a "um pote de ferro" (Alemanha).
Mário Soares, prima-dona da entrada do país nesta anunciada desgraça, esfregava as mãos de contente, já que deixava o país entregue aos interesses capitalistas, os únicos dispostos a polirem-lhe a ambição de presidir uma das  maiores organizações mundiais. Outros valores mais altos se alevantaram, mas Soares pode gabar-se de ter deixado o país “atado e bem atado” (parafraseando Franco) à miséria e humilhação que hoje conhecemos e sofremos.

A moeda única é só um instrumento mais nesta subserviência à Alemanha, mais forte após a queda do muro de Berlim, pois, desta vez, sem disparar um tiro, explora os países com governos colaboracionistas. O velho sonho de Hitler, concretizado agora por via de uma guerra económica.
Entretanto, em Portugal, vão-se ouvindo algumas vozes a defender a saída do euro: João Ferreira e Octávio Teixeira, do PCP, ou João Ferreira do Amaral que, juntamente com Francisco Louçã, lançam hoje um livro com um estudo sobre o que fazer a seguir à saída da moeda única.

Mas, abandonar a União Europeia parece ser um tabu, dado que, 28 anos depois da propaganda de Mário Soares de que íamos finalmente ser europeus (porque, até aí, tínhamos sido africanos…), isso ainda ecoa.
Os europeístas de hoje, por mais que a realidade lhes mostre que o pacífico, bondoso e bonacheirão Pai Natal é, afinal, um celerado promotor de guerras e devia estar na prisão, negam-se a ver a evidência. Porquê? Infantilidade? Interesses não confessados?

Desinformação não será.
Moedas, o que colaborou na destruição do país, com meio milhão de desempregados no seu haver, é nomeado comissário do Trabalho. Donald Tusk, 1º ministro da Polónia, implicado em casos sujos de escutas ilegais e corrupção, mas com relações muito “privilegiadas” com Merkel, neoliberal puro e duro, facilitador da instalação, no seu país, de bases secretas da CIA e das Forças Armadas dos EUA e utilização do espaço aéreo de aviões de caça da NATO, em clara provocação à Rússia, é o escolhido pela casta que nos domina para Presidente do Conselho Europeu.

É nesta Europa democrática, de paz e progresso, que queremos continuar?
Consequências da saída? Certamente menos gravosas e muito mais dignas.

 

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