O
CASO BPN OU O PAÍS DO FAR-WEST
2
– As que tinham prejuízos, por gestão incompetente;
3
– As que produziam, deliberadamente, prejuízos.
Nada
de nada. Tudo limpinho. Tinha havido fuga de informação e os documentos
comprometedores estavam a salvo, segundo revelou, mais tarde, em 2011, uma
testemunha do Ministério Público. Nessa altura, o DIAP já tinha o processo arquivado desde 2007, por “insuficiência de prova indiciária”.
Em
Novembro de 2008, Teixeira dos Santos, já ministro das Finanças do governo
Sócrates, decide “nacionalizar” o Banco, depois de constatar que as várias
injecções de dinheiro, nosso, feitas através da Caixa Geral de Depósitos e do
Banco de Portugal (Constâncio ainda não tinha sido promovido a vice-presidente
do BCE) apenas serviam para engrossar a bolha que ameaçava rebentar de vez, com
a detenção de Oliveira e Costa em... Novembro de 2008.
Sabemos
todos que esta “nacionalização” abrangeu
apenas o passivo do BPN e deixou os activos valiosos nas mãos dos accionistas
da SLN, os mesmos que haviam desfalcado o Banco.
Agora,
temos duas sociedades – a Parvalorem e a Parups -, destinadas a absorver o
“lixo tóxico” do BPN e a guardar bem guardado os documentos relativos aos
esquemas mafiosos, praticados durante anos.
Entretanto,
a SLN, ou Galilei (foi apenas o nome que mudou...) vai de vento em popa, com
contratos para superintender todas as comunicações de emergência em Portugal,
ou empreender negócios como o da urbanização da Lagoa dos Salgados, no Algarve.
Ou outros ainda mais rendosos, como veremos adiante.
Os
espanhóis dizem que não acreditam em bruxas, mas que as há, há.
Nós
também não acreditamos em bruxas, mas que elas vão aparecendo, vão. Neste caso,
vêm em grupo uniforme, cor-de-laranja, dançando à volta de muitos milhões de
euros.
EPÍLOGO
Em
Maio de 2011, no pacto assinado entre a troika nacional e a estrangeira, ficou
escrito que o BPN teria de ser vendido ou liquidado. Eram duas opções. Passos
Coelho decidiu-se pela primeira, alegando que a liquidação do Banco ficaria
muito cara aos portugueses.
Vejamos,
então, como a “venda” do BPN ao BIC
ficou muito mais barata:
-
Até 2012, a CGD injectou no BPN mais de 5.000 milhões de euros.
-
Imediatamente antes da “venda”, foram transferidos para o BPN 1.000 milhões de
euros.
-
No acto de “venda”, foram entregues ao BIC 600 milhões.
-
Em Março de 2012, a “venda” é concretizada por 40 milhões.
-
Segundo a mais recente notícia, dada pela UTAU, saíram dos nossos bolsos para
os do BIC mais 510 milhões de euros, durante o ano de 2013.
Mas,
o que é este BIC? Não, não é a empresa de esferográficas. É algo muito mais
rendoso para alguns portugueses e angolanos.
O
BIC é propriedade, maioritariamente, de Isabel dos Santos, filha do Presidente
de Angola, e de Américo Amorim, o senhor que passou para o 1º lugar na lista
dos mais ricos de Portugal, em tempos de crise.
O
presidente do BIC em Portugal é Mira Amaral, ex-ministro de Cavaco Silva
(raio!, outra coincidência).
Mas,
não, não é coincidência, são apenas as bruxas que, sem disfarce, nem vassoura,
chegadas de Angola, aterraram em Lisboa e, nas festas de casamento por
conveniência, mergulharam as mãos aduncas no caldeirão das privatizações,
reprivatizações e mais negociatas mal-cheirosas.
Para
que estes casamentos fossem perfeitos, os cônjuges portugueses, além de
oferecerem ao BIC, como dote, o BPN, limpinho e escovado, ainda salvaguardaram
a SLN, ou Galilei, como se chama agora, e que continua a fazer as suas boas
negociatas. E as melhores, pasme-se!, estão em Angola, nos petróleos,
sobretudo, mas também em coisas menores como cimentos, exploração de calcário e
gesso ou empreendimentos imobiliários.
Em
Angola, há quem prefira o casamento poligâmico, de modo a evidenciar a riqueza
diamantífera e petroleira. Em Portugal, os candidatos a consorte são muitos e
muitos já os escolhidos, desde a Formentinvest, do grupo de Ângelo Correia e
onde Passos Coelho prestou serviço antes de ganhar as eleições, até Luís
Montez, empresário de espectáculos e produções, genro de Cavaco Silva.
Neste
momento, não é mais possível falar de coincidências ou bruxas.
Quando
se está a destruir o país e a levar à miséria o seu povo, só podemos dizer que
aqueles que tomaram o poder, em Portugal, são uns ganguesteres. E dizemos isto ainda
com mais convicção, no momento em que estamos a ouvir a notícia sobre mais uma
tentativa de roubo, o dos quadros de Miró.
Repetimos,
são uns ganguesteres, que estão a pôr o país a saque e a enxovalhar-nos aos
olhos do mundo inteiro.
Bibliografia
consultada e com muito mais informação:
Virginia
López,
IMPUNIDADE, A Esfera dos
Livros, 2013
Paulo
de Morais, DA CORRUPÇÃO À CRISE – QUE FAZER?,
Gradiva, 2013
Jorge
Costa, João Teixeira Lopes, Francisco Louçã, OS DONOS ANGOLANOS DE PORTUGAL, Bertrand Editora, 2014.
Sem comentários:
Enviar um comentário