A manipulação da opinião
pública sobre o que se passa na Venezuela continua. As mentiras são descaradas
e percebe-se a razão: em 15 anos de socialismo democrático, o governo da
Venezuela, primeiro com Chávez, depois com Nicolás Maduro, deu a milhões de
pessoas o estatuto de cidadão, permitindo-lhes votar (antes, por serem pobres,
nem documentos de identificação tinham); consagrou mais de 42% do orçamento de
Estado a despesas sociais; tirou 5 milhões de pessoas da pobreza; reduziu a
mortalidade infantil; erradicou o analfabetismo; multiplicou por cinco o número
de professores primários, nas escolas públicas (de 65 mil para 350 mil). Criou
11 novas universidades. Concedeu pensões de reforma a todos os trabalhadores,
inclusive aos não inscritos.
Estes dados foram retirados
de um artigo de Ignacio Ramonet, director do Le Monde Diplomatique espanhol e autor do livro “Hugo Chávez. Mi primera vida”. O artigo
pode ser lido em www.telesurtv.net sítio
digital do canal de televisão Telesur, cujo sinal recebia através da ZON
satélite e que foi eliminado do pacote de canais. (1) Também se percebe porquê.
(1) A Zon informou-me que este canal não fazia parte do meu pacote, apesar de, desde início, o ter recebido sempre. No dia 1 de Março, voltei a recuperá-lo.
(1) A Zon informou-me que este canal não fazia parte do meu pacote, apesar de, desde início, o ter recebido sempre. No dia 1 de Março, voltei a recuperá-lo.
O artigo que se segue, do
professor Salim Lamrani, foi publicado em www.globalresearch.org
25 verdades sobre as manifestações na
Venezuela
Por Salim Lamrami*
Como em 2002, a oposição
radical, incapaz de tomar o poder pela via das urnas, multiplica as acções com
o objectivo de romper a ordem constitucional.
1. Nicolás Maduro,
Presidente legítimo da Venezuela desde Abril de 2013, fas frente a uma poderosa
oposição, apoiada pelos Estados Unidos, aspirando a retomar o poder que perdeu
em 1998.
2. Como perdeu as eleições
presidenciais de Abril de 2013 por uma diferença de 1,59%, a oposição recusou,
primeiro, os resultados eleitorais, confirmados, não obstante, pelas mais
importantes instituições internacionais, desde a União Europeia até à
Organização de Estados Americanos, passando pelo Centro Carter, e expressou a
sua raiva em actos violentos, que custaram a vida a onze militantes chavistas.
3. Apesar disso, a pequena
margem que separou o candidato da oposição, Henrique Capriles, do vencedor
Nicolás Maduro, galvanizou a direita, motivada pela perspectiva da reconquista
do poder. Fez, então, das eleições autárquicas de Dezembro de 2013 um objectivo
estratégico.
4. Contra todos os prognósticos,
as eleições autárquicas transformaram-se em plebiscito a favor do poder
chavista, que ganhou 76% dos municípios (256) contra 23% (76) para a coligação
MUD, que agrupou toda a oposição.
5. Desmoralizada por esse
sério revés, vendo a perspectiva de uma reconquista do poder, por via
democrática, afastar-se outra vez – as próximas eleições serão as legislativas,
em Dezembro de 2015 -, a oposição decidiu reproduzir o esquema de Abril de
2002, que desembocou num golpe de Estado mediatico-militar contra o Presidente
Hugo Chávez.
6. A partir de Janeiro de
2014, o sector radical da oposição decidiu actuar. Leopoldo López, líder do
partido Vontade Popular, que havia participado no golpe de Estado de Abril de 2002,
lançou um apelo à insurreição, a partir de 2 de Janeiro de 2014: “Queremos
lançar um apelo aos venezuelanos (...) que nos levantemos. Convocamos o povo
venezuelano a dizer “já basta” (...) Com uma meta a discutir:’a saída’. Qual é
a saída para este desastre?”.
7. No dia 2 de Fevereiro de
2014, durante uma manifestação, Leopoldo López designou o poder como
responsável de todos os males:”As carências que padecemos hoje têm um culpado.
Esse culpado é o poder nacional.”.
8. No dia 2 de Fevereiro de
2014, Antonio Ledesma, figura da oposição e presidente da Câmara da capital
Caracas, também lançou um apelo à mudança:”Este regime cumpre hoje quinze anos
contínuos, promovendo a confrontação. Hoje, começa a unidade na rua de toda a
Venezuela”.
9 Maria Corina Machado,
deputada da oposição, lançou um apelo para pôr fim à “tirania”: “O povo da
Venezuela tem uma resposta:’Rebeldia, rebeldia’. Há alguns que dizem que
devemos esperar por umas eleições dentro de uns quantos anos. Podem esperar os
que não conseguem alimentos para os filhos? Podem esperar os funcionários
públicos, os camponeses, os comerciantes, a quem tiraram o direito ao trabalho e
à propriedade? A Venezuela não pode esperar mais”.
10. No dia 6 de Fevereiro de
2014, depois de uma manifestação da oposição, um grupo de uma centena de
encapuçados atacou a residência do Governador do Estado de Táchira, ferindo uma
dezena de polícias.
11. Na mesma semana, várias
manifestações da oposição sucederam-se, em diferentes Estados, e degeneraram
todas em violência.
12. No dia 12 de Fevereiro
de 2014, outra manifestação, orquestrada pela oposição, em frente ao Ministério
Público, composta por estudantes das universidades privadas, organizados em
grupos de choque, foi de uma violência inaudita, com três mortos, uma centena
de feridos e inumeráveis danos colaterais.
13. Como durante o golpe de
Estado de Abril de 2002, as três pessoas falecidas foram todas executadas com
uma bala na cabeça.
14. Entre elas encontrava-se
um militante chavista, Juan Montoya e um opositor chamado Basil Da Acosta. Segundo
a investigação balística, ambos foram executados com a mesma arma.
15. Nos dias seguintes, os
manifestantes, oficialmente mobilizados “contra a vida cara e a insegurança”,
instalaram-se na Praça Altamira, situada num bairro rico de Caracas.
16. Desde há vários meses
que a Venezuela sofre uma guerra económica, de orquestrada pela oposição, que
controla ainda amplos sectores, com a organização artificial de penúrias, de
açambarcamento de produtos de primeira necessidade e de multiplicação de actos
especulativos.
17. Assim, no dia 5 de
Fevereiro de 2014, as autoridades apreenderam, no Estado de Táchira, cerca de
mil toneladas de produtos alimentares de primeira necessidade (arroz, açúcar,
azeite, café, etc.), escondidos em armazens. Desde Janeiro de 2013, as
autoridades apreenderam mais de 50.000 toneladas de alimentos.
18. O governo bolivariano
decidiu actuar e castigar os açambarcadores e especuladores. Em Novembro de
2013, a cadeia Daka de produtos electrodomésticos foi embargada e as
autoridades decidiram regular os preços. Com efeito, a empresa facturava os
seus produtos com um lucro de mais de 1.000%, o que os tornava inacessíveis à
maioria da população.
19. Agora, a margem de lucro
para as empresas não poderá superar os 30%.
20.O Presidente Nicolás
Maduro denunciou uma tentativa de golpe de Estado e chamou os cidadãos a fazer
frente ao “fascismo”. “Nada nos afastará do caminho da Pátria e da via da
democracia”, afirmou.
21. No dia 17 de Fevereiro
de 2014, três diplomatas dos Estados Unidos foram expulsos do país pela sua
implicação nos sangrentos acontecimentos. Tinham-se reunido com os estudantes
das universidades privadas, para coordenar as manifestações, segundo as
autoridades venezuelanas.
22. No dia 18 de Fevereiro
de 2014, Leopoldo López foi preso pela sua responsabilidade política nas
manifestações violentas e foi entregue à justiça.
23. A administração Obama
condenou o governo de Caracas pela violência, sem apontar um só instante a
responsabilidade da oposição, que tenta realizar um golpe de Estado. Pelo
contrário, o Departamento de Estado exigiu a libertação imediata de Leopoldo
López, o principal instigador dos acontecimentos dramáticos.
24. Os meios de comunicação
ocidentais ocultaram os actos violentos dos grupúsculos armados (o metro e
edifícios públicos saqueados, as lojas Mercal – onde o povo se abastece de
alimentos! – queimadas), assim como o facto de a televisão pública, Venezolana
de Televisión (VTV), ter sido atacada com armas de fogo.
25. Os meios de comunicação
ocidentais, longe de apresentar os acontecimentos dramáticos, ocorridos na
Venezuela, com toda a imparcialidade, tomaram partido a favor da oposição
golpista e contra o governo democrático e legítimo de Nicolás Maduro. Não
vacilam em manipular a opinião pública e apresentam a situação como um
levantamento popular maciço contra o poder. Na realidade, Maduro dispõe do
apoio da maioria dos venezuelanos, como o ilustram as manifestações gigantescas
a favor da Revolução Bolivariana.
* Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade
Sorbone-Paris IV. É professor titular da Universidade de La Réunion e
jornalista, especialista das relações entre Cuba e os Estados Unidos. O seu ultimo
livro intitula-se Cuba. Les medias face au défi de l’impartialité, Paris, Ed.
Estrella, 2013, com um prólogo de Eduardo Galeano.
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