QUANDO OS RICOS PROTESTAM
Por Luís Britto García*
1

![]() |
Caracas, 12 de Fevereiro de 2014 |
Nas eleições de 8 de Dezembro de 2013, os bolivarianos ganharam 240 das 337 Câmaras: não é de estranhar que os distúrbios se concentrem, primeiro, em 18, depois, em 8 e, finalmente, em 6 municípios da oposição, com uma população de classe média. Não é grande a proeza bloquear os moradores abastados, com barreiras de lixo a arder, sob protecção solícita das autoridades e polícias locais. Alguns sicários disparam sobre os seus próprios manifestantes, pelas costa, ou abatem bolivarianos do cimo dos edifícios. Incendeiam meia centena de “metrobuses” (1) e várias centrais eléctricas. Caiem vítimas de ambos os lados: o que interessa ao sicário é a vítima, matéria-prima para as transnacionais da desinformação. Adoradores da morte enforcam bonecos como os que anunciam as atrocidades do Cartel de Sinaloa (2).

2

3
A sondagem publicada, em 24
de Fevereiro, por Hinterlaces é ainda mais esclarecedora: 42% dos inquiridos
opina que Maduro deve concluir o seu mandato; 29% considera que só poderia sair
por referendo revogatório; apenas 23% elege a opção de “sair para a rua”: uma
maioria de 71% apoia, portanto, o sistema intitucional. Quanto à economia do
país, 35% exige “mão firme contra os açambarcadores e especuladores”; 29%, “uma
aliança entre o governo nacional e o sector privado”: de novo, apenas uma
minoria de 22% se pronuncia pela “saída já” do Presidente.
4
O grupo de gente, na casa
dos 40 anos, que dirije e promove os distúrbios, não só não representa a
juventude nem a maioria do país, como nem sequer representa a maioria da
oposição. Leopoldo Lópes, que desencadeou a violência de 12 de Fevereiro,
açulando uns tantos a destruir o edifício da Procuraduria Geral e desaparecendo de seguida, ficou em terceiro
lugar nas eleições primárias para candidato a Presidente. María Corina Machado,
frenética partidária da linha incendiária, não obteve nem 2% dos votos nessas
eleições. Ambos competem na luta de protagonismo para arrebatar a liderança da
ultra-direita a Capriles, que declarou que não se conquista o governo com
distúrbios na rua, no exacto momento em que convocou um, que deixou uma dezena
de mortos. Não respeitam a democracia, nem sequer entre eles.
5
Em 2002, a confederação
patronal Fedecámaras impôs, durante, 72 horas e atrvés de um golpe de estado, o
seu presidente como ditador. Tentou bloquear o país, com o fecho de empresas ou
lock out, de mais de dois meses e cortou a distribuição de alimentos. A actual
onda de violência começa depois de os empresários terem feito desaparecer, em
importações fantasma, 50.000 milhões de dólares, que o governo lhes concede a
taxas de câmbio privilegiadas; quando os comerciantes iniciam uma guerra
económica, com desabastecimentos estratégicos e preços usurários e o governo
contra-ataca com uma Lei de Preços Justos, que fixa o limite de 30% para o
lucro comercial. Os protestos servem para reclamar outros 60.000 milhões de
dólares que se evaporarão? Para legalizar os lucros de 1.500%? Para uma nova
ditadura?
6
Será um desesperado apelo ao
Golpe de Estado ou à intervenção estrangeira? O último e mais violento foco de
distúrbios centra-se em alguns municípios do Estado fronteiriço de Trujillo,
pontes de uma prolongada infiltração paramilitar.
Será uma desculpa para uma
imnvasão que provoque a secessão do Ocidente rico da Venezuela? Ou para a
recolonização da Pátria de Bolívar? Tudo é de esperar de quem julga ter direito
a tudo, sem contar com o voto de ninguém.
* Escritor, historiador,
ensaísta e dramatrurgo venezuelano. Recebeu múltiplos prémios pela sua obra,
entre os quais três da Casa de las Américas, de Espanha.
Notas do tradutor:
(1) Autocarros que ligam as estações do Metro de Caracas aos bairros mais distantes da cidade.
(2) Organização mexicana criminosa
de tráfico de droga procedente da Colômbia.Notas do tradutor:
(1) Autocarros que ligam as estações do Metro de Caracas aos bairros mais distantes da cidade.
__________________________________
Estas são as imagens que os meios de desinformação não mostram e que podem ser encontradas na Agência Venezuelana de Notícias www.avn.info .
Correspondem a manifestações de apoio ao governo venezuelano, ao Presidente Nicolás Maduro e de repúdio pelos actos de violência.
Sem comentários:
Enviar um comentário