O DESEMBARQUE NA NORMANDIA
Os media, porta-vozes dos
interesses da oligarquia nacional e mundial, difundem, hoje, a propósito da
comemoração dos 70 anos do desembarque na Normandia,das tropas aliadas na 2ª
Guerra Mundial, a requentada mentira de que foram, sobretudo, os americanos
quem livrou a Europa do nazismo.
A História, como sempre, é
contada pelos vencedores. E, agora, mais que nunca, com o desaparecimento da
URSS o campo está livre para poderem reescrever, à sua vontade, a história da
luta contra o nazismo e o fascismo.
No caso dos media portugueses, e não só, chega-se ao ponto de
escamotear o facto de Salazar, em 1940, afirmar que ele e Hitler estavam “unidos
pela mesma ideologia”(1). Isto não é de estranhar, visto
ter desaparecido do vocabulário jornalístico termos como fascismo ou fascista
para designar o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, adoptando, invariavelmente,
a expressão, muito querida a Salazar e Caetano, de Estado Novo.
Quanto à derrota de Hitler e
o papel desempenhado pelos aliados, neste tão celebrado desembarque na
Normandia, é necessário recordar o seguinte:
1. Em 1934, logo após a
vitória de Hitler nas eleições de 1933, Stalin, vendo o perigo que isso
representava para toda a Europa, propôs uma frente comum contra a Alemanha
nazi.
2. Esta aliança foi
recusada, proporcionando, assim, a ascensão rápida dos nazis, entre 1933 e 1939.
3. Em 30 de Setembro de
1938, depois de a Alemanha ter invadido e incorporado os Sudetas (território
pertencente à Checoslováquia), o Reino Unido e a França assinam um acordo com a
Alemanha e a Itália de Mussolini, em Munique, aceitando essa anexação.
4. A URSS, depois de ver
recusadas as propostas de aliança contra a Alemanha nazi (entre elas, a de
operações conjuntas no Mar Báltico) e depois do acordo de Munique, que a deixou
isolada frente à ameaça nazi, decidiu assinar um pacto de não-agressão, em
Agosto de 1939, dividindo a Polónia, julgando a URSS criar, assim, um
território tampão ao avanço da Alemanha para Leste. (Sabemos, hoje, ter sido
inútil a assinatura deste pacto, já que 9 dias depois, a Alemanha entra na
Polónia e inicia a sua marcha até à União Soviética. Por outro lado, do ponto
de vista dos princípios e ética comunista, este pacto foi e é sensurável).
5. Em 22 de Junho de 1941,
os alemães invadem a URSS, apelidando esta invasão de “batalha pela
sobreviv~encia contra o bolchevismo” ou “ cruzada contra o bolchevismo”, o que
muito agradava a quem, como Churchill, considerava melhor o fascimo (não
escondia a sua simpatia por Mussolini) do que a solução alternativa: a revolução social.
6. Em Setembro de 1941, começa
a grande batalha de Leninegrado, que deixa mais de 1 milhão de mortos, entre
soldados e civis soviéticos, acabando em Janeiro de 1944, ao cabo de 900 dias,
com a rendição final dos nazis.
7. Em 7 de Dezembro de 1941,
os Estados Unidos declaram, finalmente guerra à Alemanha, depois do episódio de
Pearl Harbur.
8. O desembarque na
Normandia acontece a 6 de Maio de 1944, 4 meses depois da vitória soviética
sobre as tropas nazis.
9. No dia do desembarque, o
exército soviético havia já alcançado a supremacia sobre as tropas de Hitler,
obrigando-as a recuar, ao mesmo tempo que ia libertando os territórios europeus
ocupados.
10. No dia 16 de Abril de 1945,
o exército soviético entra em Berlim e no 1º de Maio é hasteada a bandeira
soviética no Reichstag.
Esta é a verdade dos factos,
comprovados e comprováveis, mas sempre escamoteados, porque, afinal, o grande
perigo continua a ser o comunismo, sonho que animou e anima muitos homens e
mulheres, apesar de ter sido traído por muitos outros.
(1) Delzell, Charles F., ed., Mediterranean Fascism, 1919-1945, Nova Iorque, 1970 , p. 348
(1) Delzell, Charles F., ed., Mediterranean Fascism, 1919-1945, Nova Iorque, 1970 , p. 348
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