O QUE ELES ESCONDEM

terça-feira, 10 de junho de 2014


Percebe-se a geografia das comemorações, porque, mesmo que o cerquem gorilas, estão escasseando os sítios onde se debitem, sem apupos, as solenes baboseiras que se ouviam ao Tomás e se ouvem, agora, ao excelso Cavaco.
Serviria de garante a cidadezinha da Guarda que foi fria, farta e feia, e é, neste preciso instante, fria, quanto baste, farta, tenho dúvidas, que a fome já por lá chegou, de certo, mas formosa ou formosíssima, nas palavras sagradas do oficiante televisivo.

Com a Guarda, de facto, não existiria o perigo, pois é gente humilde, sossegada, inteligente, tão impenetrável às ideias que, daqui a cem décadas, ainda votará PS, ou PSD, roubem os ditos o que muito bem entenderem.
É que não é por acaso que os habitantes da terra se dizem egitanienses, recordando, talvez, o José do Egi(p)to, que, sem mexer uma palha, viu castigado o faraó mauzão com sete das pragas que sobre nós tombaram de há uns anos para cá.

Não deixarei, contudo, de me sentir desgostoso, ao não poder ocular, viva e presencialmente, o transcendente evento que reforça a tese da história se repetir.
Sobretudo, porque, no lugar onde quedo, só encontro quem trabalhe, tentando sobreviver, e muitos outros desgraçados, na casa do milhão e meio, que, buscando trabalho, estão, ainda, por descobrir aonde.

Exactamente os que nunca irão ter uma latinha ao pescoço ou o nome gravado na estela por erguer às vítimas da exploração.

P.S. Afinal, nem na Guarda se safam.
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Texto retirado do blogue IRRESILIÊNCIAS (www.irresiliencias.blogspot.com)

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