Percebe-se a geografia das
comemorações, porque, mesmo que o cerquem gorilas, estão escasseando os sítios
onde se debitem, sem apupos, as solenes baboseiras que se ouviam ao Tomás e se
ouvem, agora, ao excelso Cavaco.
Serviria de garante a
cidadezinha da Guarda que foi fria, farta e feia, e é, neste preciso instante,
fria, quanto baste, farta, tenho dúvidas, que a fome já por lá chegou, de
certo, mas formosa ou formosíssima, nas palavras sagradas do oficiante
televisivo.
Com a Guarda, de facto, não
existiria o perigo, pois é gente humilde, sossegada, inteligente, tão
impenetrável às ideias que, daqui a cem décadas, ainda votará PS, ou PSD,
roubem os ditos o que muito bem entenderem.
É que não é por acaso que os
habitantes da terra se dizem egitanienses, recordando, talvez, o José do
Egi(p)to, que, sem mexer uma palha, viu castigado o faraó mauzão com sete das
pragas que sobre nós tombaram de há uns anos para cá.
Não deixarei, contudo, de me
sentir desgostoso, ao não poder ocular, viva e presencialmente, o transcendente
evento que reforça a tese da história se repetir.
Sobretudo, porque, no lugar
onde quedo, só encontro quem trabalhe, tentando sobreviver, e muitos outros
desgraçados, na casa do milhão e meio, que, buscando trabalho, estão, ainda,
por descobrir aonde.
Exactamente os que nunca
irão ter uma latinha ao pescoço ou o nome gravado na estela por erguer às
vítimas da exploração.
P.S. Afinal, nem na Guarda
se safam.
_______Texto retirado do blogue IRRESILIÊNCIAS (www.irresiliencias.blogspot.com)
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